domingo, 11 de novembro de 2007

Texto de Formação IV - Milton Santos e Denise Stoklos

O texto deste mês é, na verdade, um entrevista. Duas figuras de destaque em suas respectivas áreas: a autora, diretora e atriz Denise Stoklos e o respeitadíssimo geógrafo Milton Santos falam à Folha de S. Paulo em março de 2000.
A entrevista não é muito longa, mas pode ser o pontapé inicial pra que a gente passe a conhecer melhor esses dois pensadores muito competentes e muito brasileiros.

Milton Santos - Quando é que você formulou essa idéia de que o Brasil tem de ser repensado de forma autônoma?

Denise Stoklos - Eu tive sorte de ter 18 anos em 68, de estar na universidade naquela época. Nunca fui líder estudantil, nunca fui presa, torturada ou exilada por imposição. Mas convivi com colegas que tinham liderança e com os quais eu entendi que não era possível pensar o Brasil de uma forma macro, porque tudo naquela época era tão difícil, pequeno e limitado. E isso me acompanhou por todo o tempo, desde que sai da universidade e comecei minha vida teatral, vindo para São Paulo e Rio. Quando comecei a ser vista como uma boa atriz na juventude, o único caminho era tornar-me intérprete de novela de sucesso. Não havia possibilidade de encontrar companhias ou grupos que desenvolvessem uma linguagem própria, o medo era grande...

Santos - ...Era a manifestação da cultura própria dificultada pela emergência da indústria cultural...

Stoklos - ...Exatamente. Repetir a indústria cultural era o único desenvolvimento aceito, apropriado a qualquer ator, diretor ou autor que quisesse continuar aqui. Era muito insatisfatório para mim, que escrevi minha primeira peça aos 18 anos, sobre o tema da mais-valia. E não poderia escrever sobre outra coisa: aquilo era fruto da minha geração, não da minha autoria.

Santos - Quer dizer, era a vontade de afirmação da cultura nacional como afirmação do povo brasileiro. Talvez esses 500 anos pudessem ser úteis para isso...

Stoklos - ...Ou pelo menos que a gente não pudesse passar por isso tudo de novo...

Santos - É curioso. Penso que nas ciências humanas temos o mesmo problema. A diferença é que eu levei meio século para descobrir isso, e você descobriu mais rapidamente... A maneira como interpretamos o Brasil e o mundo é empobrecida na universidade porque somos extremamente copiadores -primeiro da Europa e agora dos EUA. Não se trata de recusar o pensamento que vem de outros países, mas há uma maneira própria de ver o mundo e a si mesmo. É isso que distingue as culturas e dá nervo aos povos. Nós não chegamos a ser universais porque não somos suficientemente brasileiros. Relendo suas peças, encontrei esse ponto que nos aproxima, que é retirar do país as suas próprias forças para entender o mundo e melhorar o Brasil. Estamos atravessando uma fase de desmanche de muita coisa. Isso nos deixa preocupados e, ao mesmo tempo, nos dá força para enfrentar a tarefa.

Stoklos - Quando li pela primeira vez o seu livro "A Natureza do Espaço: Técnica e Tempo, Razão e Emoção" (ed. Hucitec, 1996), tentei captar o seu raciocínio de geógrafo e descobri verdadeiras epifanias. Por isso que eu cito tanto o seu pensamento, mesmo com receio de fazer uma interpretação errada ou superficial da sua obra. O senhor proporciona ao mesmo tempo o rigor do pensamento e o convite à análise crítica. Acho muito interessante, por exemplo, quando o sr. diz que não estamos vivendo uma época da comunicação, como se apregoa por aí, porque comunicação é emoção.

Santos - Esse aspecto mostra também a diferença entre o artista e o homem da universidade na direção da verdade. O grande artista é livre e sabe que, se não houver emoção, ele não se aproxima da verdade. E o homem da universidade imagina que tem de reprimir a emoção para produzir. As ciências humanas, brasileiras e latino-americanas, acabam não interpretando os respectivos países porque olhamos para a interpretação que é dada a outra história. Como está claro no seu texto "500 Anos - Um Fax de Denise Stoklos para Colombo" (1982), por exemplo, a troca do espelhinho pelo ouro. Quer dizer, a gente busca se espelhar apenas e toma isso como se fosse uma riqueza intelectual. Seu trabalho no palco é uma cruzada. Minha impressão é que ele repercute algo que é profundo na alma brasileira e está buscando intérpretes... A cultura tem de vir com o território, com o povo, com a história se fazendo.... É um conjunto que inclui possivelmente essa preguiça intelectual, essa comodidade de pegar os espelhos e usá-los adequadamente.

Stoklos - E a gente raspa, assim, as palavras suas... Pega aquilo e se agarra como se fosse uma bóia no naufrágio. Quantas vezes um simples pensamento nos conduz a praias mais iluminadas... Volto ao seu pensamento da emoção, de que o pobre, o destituído, ele se comunica por causa da emoção, por estar com a emoção... Eu não fui instruída para trabalhar com isso. Era complicado lidar com a emoção, principalmente porque vivíamos uma época difícil. As coisas nesse país têm a aparência e o significado fica por baixo, que é muito mais forte. Só que as coisas não mudaram, mesmo com essa chamada democracia legitimada pelo voto, que não significa nada. É pior, porque traz o fantasma desse "legítimo"...

Santos - ...É um consumo eleitoral...

Stoklos - ...Esse distanciamento entre a emoção e a leitura do real também nos criou uma dificuldade para se aproximar da nossa própria emoção. Houve essas pequenas sequelas, mas dá para reajustar. É a emoção, afinal, que está determinando que a gente não queira desistir e se entregar ao cinismo que todos os convertidos ao neoliberalismo assumiram, de que "é assim mesmo", "é mais um passo", "estamos evoluindo", "esse é o movimento global", "as novas leis são assim mesmo", enfim, é um cinismo absoluto. Não tem graça não ser cidadã, não ter compaixão, não ter reverência, enfim, tudo que nos é dado como único patrimônio, único no sentido de bom, de uno, não de pouco, de menos. E seu trabalho, professor, também nos pede essa emoção.

Santos - Aliás, foi uma descoberta recente. A maior parte do tempo eu era refreado. Recordo-me dos anos em que ensinei na França e nos EUA, entre as décadas de 60 e 70, e a minha volta ao Brasil, quando retomei contato com as pessoas daqui. Fui intelectual na Europa e nos EUA sem ser cidadão, era regido pela razão, pelo esquema. A descoberta dessa nova condição, dessa epistemologia da existência, como estou chamando agora. Quer dizer, o existir como condição para ver o mundo, e isso inclui, em primeiro lugar, a emoção. Porque a razão reduz a força de descobrir, porque só a emoção nos leva a ser originais. Não só a emoção, claro, mas por meio dela é mais depressa. Propor uma coisa nova na universidade é muito difícil, embora seja o lugar da proposição do novo. Essa força, digamos, de esquecer, de ser original, só a emoção permite. E ela então passa a ser um dado do pensamento, não é a razão que produz o grande pensamento. E aí é preciso caráter. Uma reinterpretação da sociedade brasileira em movimento permite ver, digamos, uma outra coisa, um futuro mais perto. Nós fomos tratados e educados para examinar o chamado presente, não imaginando que o futuro está aí, embutido no presente. Na realidade, cada ato nosso é presente, agimos em função do futuro. A ação é presente, mas a aspiração dela é o futuro.

Stoklos - O educador Paulo Freire já falava disso: só tem futuro quem tem presente. Essas pessoas são mutantes. Não estou falando daqueles que queimam índios ou dos chamados "mauricinhos", "patricinhas", que são apenas uma reprodução dos modelos que se conhece. Mas estou falando dos novos, que têm compaixão... Num país como o nosso, quem não tem compaixão está morto, literalmente.

Folha - Essa aceleração do presente, da qual o sr. fala, ficou muito clara no final do ano passado, com a ansiedade em torno da chegada do novo milênio.

Santos - O que chamamos de presente não existe. É um momento fugaz da realização de um futuro sonhado. O melhor gesto seu é baseado no futuro, não no presente. Então, acho que a primeira condição para a gente acreditar que o mundo vai mudar é descobrir que o presente não existe. Hoje já tem cartão de crédito para os menos pobres. Mas na minha juventude, nem dinheiro para comer tínhamos. Agora, a classe média "refabrica" o futuro com cartão de crédito, com inadimplências. O pobre não, ele tem pouco. Ele sabe que amanhã não será igual a hoje. E isso está chegando, está subindo até a gente também. O drama dos filhos sem perspectiva, o drama de quem quer se educar e não consegue.

Stoklos - Mas essa aceleração é dramática...

Santos - ...É dramática sim. Por isso, o papel de gente como eu, você e muitos outros -somos um certo número de pessoas que não nos conhecemos-, volta a ser central.

Folha - No ano passado, o sr. participou de um seminário do movimento "Arte contra a Barbárie", organizado em São Paulo por grupos como o Tapa, Folias D'Arte e Companhia do Latão. Como foi a experiência de conversar com a classe teatral?
Santos - Eu sentia falta desse contato com os artistas. Afinal, teoricamente eles são livres. Quer dizer, podem não ser na prática (risos). Bem, eu coloquei para eles um pouco do que estamos falando aqui. O que já não acontece com os colegas da universidade, pois estamos mais propensos à censura. A universidade possui uma estrutura de enquadramento que isola.

Stoklos - No solo, por exemplo, você não está sozinho no palco. No meu caso, não se trata de um monólogo de ficção no qual você vai lá e representa exatamente, e é aquilo. O espectador vai dizer: "Oh, que virtuosismo, como faz bem!". E vai embora como entrou. Aliás, para ir embora exatamente igual, nenhuma experiência de encontro vale a pena. O verdadeiro encontro é quando você se transforma. Talvez por isso nossa sociedade se prove tão injusta, porque a gente não se transforma ao encontrar o outro.

Santos - Quando fui trabalhar nos EUA, eu achava que tudo era espontâneo, até descobrir que a informalidade americana é absolutamente regulável. E faltava aquilo que tinha na França, que é jantar a quatro, a seis. Isso estimula você a falar, a dizer o que pensa. Foi aí que senti a diferença entre o encontro e o parto. Quando retornei ao Brasil, vi que tinha acabado também essa coisa da entrega do tempo como vida ao outro. O que talvez não aconteça com as pessoas pobres, senão elas deixariam de viver...

Stoklos - ...Elas só têm a própria presença...

Santos - ...E a do vizinho. Quando não existe a possibilidade do conflito criador e enriquecedor, quando não querem falar um com o outro, aí você é usado para falar pelos outros... Aliás, como é a competição no meio artístico?

Stoklos - Eu tenho a sorte de não entrar nesses embates. Escolhi um caminho isolado, tenho consciência disso. Faço questão de falar, para quem chega perto de mim, que isso não faz parte do ofício do artista.

Folha - Como o sr. vê a representação no teatro?

Santos - A minha educação artística é muito pobre. Ainda não me sentei para fazer a exegese dessa pobreza. O teatro constitui, vamos dizer assim, por destino, uma exposição de idéias universais. Acho que esse é o teatro genuíno. É daí que vem, consequentemente, a sua postura crítica. E foi assim durante séculos, a busca de coisas que são próprias do homem, essa fome de aperfeiçoamento. O teatro é ético, em suma.

Milton Santos - O geógrafo Milton Santos é dos pensadores brasileiros mais respeitados em sua área. Em 94, ele recebeu o Prêmio Internacional de Geografia Vautrin Lud, na França, uma espécie de Nobel da Geografia. Santos exerceu boa parte da carreira acadêmica no exterior (França, Canadá, EUA, Peru, Venezuela etc.). Atualmente, é professor emérito da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP. Santos publicou mais de 40 livros e 300 artigos em revistas especializadas. Entre os volumes publicados estão "Pensando o Espaço do Homem" (1982), "A Urbanização Brasileira" (1993) e "A Natureza do Espaço: Técnica e Tempo, Razão e Emoção" (1996), todos lançados pela editora paulista Hucitec. Santos é colaborador da Folha, em que escreve regularmente na seção "Brasil 500 d.C." do Mais!. Na sua opinião, só é possível fomentar o caráter na solidão. "Como consultar o outro para dizer o que você pensa?", questiona. Cita o poeta francês Victor Hugo como que para justificar a modéstia intelectual. "Ele dizia que o grande artista surge no ápice. Cada grande artista está no ápice, não importa a época, como Shakespeare e Ésquilo."

Denise Stoklos - Paranaense de Irati, Denise Stoklos soma 32 anos de carreira, na condição de autora, diretora e atriz. Seu nome está associado ao "teatro essencial", como denomina a linguagem que criou baseada "numa possibilidade cultural brasileira original, única". Corpo, voz e mente/intuição formam o tripé do trabalho. A atriz defende um "teatro que tenha o mínimo possível de efeitos e que contenha a máxima teatralidade em si próprio". Quando começou a ganhar projeção, no início da década de 80, seus espetáculos eram calcados sobretudo na mímica. São dessa fase, por exemplo, "Elis Regina" (1982) e "Mary Stuart" (1987). Aos poucos, gestos e movimentos incorporaram o verbo como signo complementar. Solos como "500 Anos - Um Fax de Denise Stoklos para Cristóvão Colombo" (1992, sobre o descobrimento da América), e "Des-Medéia" (1994) consolidaram o caminho de projeto iminentemente autoral. "Meu teatro é o jogo, é o brincar. O espectador brinca comigo ao concluir comigo, mas não brinca de que está vendo uma ficção. Acho que é uma coisa meio xamanística, no sentido do pajé de tribo que fica encarregado de chamar para o encontro a cada noite", afirma.

Jornal: Folha de São Paulo
Terça-feira, 7 de março de 2000.
Jornalista: Valmir Santos
Caderno: Ilustrada - Página 5-1.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Baden Powell - Afro-Sambas (1966) / Postado por Ivan e Júnior


Baden Powell é considerado um dos maiores violonistas de todos os tempos e um dos compositores mais expressivos da nossa música. Criador de um estilo próprio, foi o violonista mais influente de sua geração, tornando-se uma referência entre os violões havidos e a haver. Sua música rompe as barreiras que separam a música erudita da música popular, trazendo consigo as raízes afro-brasileiras e o regional brasileiro.


Baden nasceu no dia 06 de Agosto de 1937 em uma cidadezinha no norte do estado Fluminense chamada "Varre-e-Sai" e morreu em 26 de setembro de 2000 no Rio de Janeiro-RJ.

Baden Powell tinha uma maneira única de tocar violão, incorporando elementos virtuosísticos da técnica clássica e suíngue e harmonia populares. Ele explorou de maneira radical os limites do instrumento, o que o transformou em uma rara estrela nacional da área com trânsito internacional.
Conheceu Vinicius de Moraes em 1962, formando uma parceria musical, criando músicas como o Samba da Bênção, Samba em Prelúdio, Deixa e Canto de Ossanha.
Teve músicas gravadas por
Beth Carvalho (Samba do Perdão, parceria com Paulo César Pinheiro), Elis Regina (Samba do Perdão, Quaquaraquaquá, Aviso aos Navegantes), todas em parceria com Paulo César Pinheiro; Cai Dentro), Elizeth Cardoso (Valsa do amor que não vem, com Vinícius de Moraes).
Escolhemos um dos CDs de Baden Powell intitulado "OS AFRO-SAMBAS". Considerado por muitos críticos como um divisor de águas na MPB por fundir vários elementos da sonoridade africana ao samba carioca, "Os Afro-sambas" é o segundo LP lançado pela parceria Vínicius de Moraes/Baden Powell.
Faixas do CD "Os Afro-Sambas":

1-Canto de Ossanha (Vinicius de Moraes / Baden Powell) - 03:23
2-Canto de Xangô (Vinicius de Moraes / Baden Powell) - 06:28
3-Bocoché (Vinicius de Moraes / Baden Powell) - 02:34
4-Canto de Iemanjá (Vinicius de Moraes / Baden Powell) - 04:47
5-Tempo de amor (Vinicius de Moraes / Baden Powell) - 04:28
6-Canto do caboclo (Vinicius de Moraes / Baden Powell) - 03:39
7-Tristeza e solidão (Vinicius de Moraes / Baden Powell) - 04:35
8-Lamento de Exu (Vinicius de Moraes / Baden Powell) - 02:16

Ficha técnica:

Produção e direção artística: Roberto Quartin e Wadi Gebara
Técnico de gravação: Ademar Rocha
Contracapa: Vinicius de Moraes
Fotos: Pedro de Moraes
Capa: Goebel Weyne
Arranjos e regência: Maestro Guerra Peixe
Vocais: Vinicius de Moraes, Quarteto em Cy e Coro Misto
Sax tenor: Pedro Luiz de Assis
Sax barítono: Aurino Ferreira
Flauta: Nicolino Cópia
Violão: Baden Powell
Contrabaixo: Jorge Marinho
Bateria: Reisinho
Atabaque: Alfredo Bessa
Atabaque pequeno: Nelson Luiz
Bongô: Alexandre Silva Martins
Pandeiro: Gilson de Freitas
Agogô: Mineirinho
Afoxé: Adyr Jose Raimundo
OBS: O CD já está disponível na Cdteca do EMCANTAR.

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

NOME - Arnaldo Antunes (por Marquinho e Mariana)


Como sugestão de obra para a ampliação do universo cultural e leitura de mundo, não poderíamos deixar passar a oportunidade de entrar em contato com uma obra inovadora como o DVD/CD NOME de Arnaldo Antunes.

Uma obra híbrida de linguagens como a escrita, a sonora e a audiovisual, que nos proporciona uma diversidade de impressões e leituras. Referência marcante de arte contemporânea.

Arnaldo Antunes lançou originalmente NOME em 1993 como um projeto multimídia composto de CD + VÍDEO + LIVRO. Em 2006, NOME foi relançado num kit composto por CD + DVD e encarte. O DVD NOME é composto de 30 videoclipes elaborados a partir de poemas e canções de Arnaldo Antunes.

Arnaldo Antunes - Poeta, compositor, cantor, etc. Um artista inovador nas suas produções, e que transita por várias linguagens artísticas. Um poeta "inclassificável", como ele mesmo se classifica, enquanto forma e estilo literário.

Em incentivo à pesquisa, aí vai uma tarefinha: conheçam melhor a singularidade de Arnaldo Antunes entrando no seu site
www.arnaldoantunes.com.br. Legal para conhecer melhor sua biografia, livros, textos, discos, artes, fotos etc. Além disso, o DVD NOME encontra-se no acervo do EMCANTAR.

domingo, 14 de outubro de 2007

Texto para Formação III

Gente, esse mês é a vez do professor Antônio Carlos. Nesse texto ele faz uma análise muito pertinente e atual sobre a questão: afinal de contas, pra que serve a Arte? Ele aponta possibilidades de respostas onde menos se espera: o mundo do trabalho. Trabalho entendido aqui não como a servil venda da força de trabalho, mas como construção da vida material de forma autônoma e criativa. Esse é mais um dos textos que tem nos ajudado a responder à pergunta: Por que investir na ampliação do universo cultural das pessoas? (O que ele chama de Educação Artística é o que estamos chamando de Edcuação pela Arte, ok?)

Boa leitura!!!

Educação Artística, Trabalho e Vida
Antonio Carlos Gomes da Costa

"Todas as pessoas têm disposição para trabalhar criativamente, o que acontece é que a maioria jamais se dá conta disso".(Truman Capote)
"Imaginar é mais importante do que saber, pois o conhecimento é limitado, enquanto a imaginação abarca o universo". (Albert Einstein)

Palavra inicial
“Educação Artística e o Ganha-Pão” foi o texto com que eu dialoguei para redigir estas páginas. Trata-se de um estudo sobre o significado da educação artística, para as perspectivas econômicas dos educandos, independentemente do ramo de atividade em que pretendam atuar. A primeira indagação é se a educação artística deve ser considerada um luxo, algo complementar ou meramente acessório em relação ao ensino das matérias essenciais, como línguas, ciências ou matemática. A resposta é não. O desenvolvimento da criatividade e do senso estético é, e será cada vez mais, um requisito importante para se ingressar, permanecer e ter sucesso no novo mundo do trabalho.

A arte na constituição do humano

A verdade é que somos animais lingüísticos e todas as formas de linguagem nos servem de meio de expressão oral, visual ou corporal. O fato de lembrarmo-nos do passado e imaginarmos o futuro permite planejar e agir de um modo que nos torna únicos entre os animais. A verdade é que somos capazes de produzir e, através da comunicação, fazer circular sentidos.A arte, ainda nos tempos das cavernas, permitiu ao homem compreender a atribuir sentido ao mundo e à sua atividade sobre ele. A capacidade de configurar sua experiência passada e presente e discernir o seu futuro, desde os primórdios da humanidade, é alguma coisa ligada indissoluvelmente à experiência estética.A vida, em geral, e o mundo do trabalho, em particular, valoriza e recompensa aqueles que apreendem e incorporam – em sua maneira de ver, entender a agir – os padrões novos que – cada vez com maior velocidade – emergem da experiência humana. Isso é particularmente válido para uma época de transição no processo civilizatório, como a que presentemente estamos vivendo.Foi através da arte que, pela primeira vez, o homem entendeu e representou o mundo em torno de si. A idéia é de que esta atitude não é alguma coisa, que ficou esquecida em algum lugar do nosso passado. Nós carregamos conosco essa capacidade de aprender a configuração do nosso mundo interior ou exterior e objetivá-la em algo dotado de sentido, sem ter, para isso, de recorrer à religião, à filosofia e à ciência. É nisto que consiste a experiência estética.O senso estético é uma maneira permanentemente válida de apreender o mundo e atuar sobre ele, através de uma atividade dotada de sentido. Isto é especialmente válido quando consideramos como objetivos da educação a realização das potencialidades do ser humano e a sua preparação para a cidadania e o trabalho.A ciência, a filosofia e a religião também exercem esse papel de preparar o ser humano para compreender e atuar sobre o mundo. Cada qual à sua maneira, essas formas de relacionamento do homem com o mundo natural e humano que o cerca constituem o que há de especificamente humano em nossa natureza, que é a cultura.

Um novo mundo do trabalho

Num mundo do trabalho que se “desmaterializa”, grande parte das habilidades específicas serão aplicadas por máquinas inteligentes, isto é, máquinas capazes de substituir, não somente o esforço muscular humano mas, em medida cada vez maior, o seu esforço cerebral.Numa situação como essa, as aptidões e destrezas manuais, a capacidade de seguir instruções, a prontidão para obedecer a comandos, a capacidade de concentração tendem a ser, cada vez mais intensamente, substituídas por habilidades básicas e de auto-hetero e co-gestão como: percepção do todo, capacidade de expressar-se, capacidade de manter-se auto-motivado e de motivar os outros, capacidade de contribuir criativamente na solução dos problemas em grupo, de construir em conjunto, de adaptar-se a novas situações, de ensinar e de aprender com os outros, capacidade de avaliar e de deixar-se avaliar.Num mundo do trabalho onde o emprego na área pública ou privada parece não ser mais a única e, a médio e longo prazos, nem a principal forma de inserção na vida produtiva, é preciso preparar as novas gerações de trabalhadores (não necessariamente de empregados) de forma inteiramente diversa daquela pela qual fomos preparados.Mais do que observadores de normas, seguidores de instruções e fiéis observantes das rotinas laboriais, o novo mundo do trabalho requer pessoas que sejam criativas, raciocinem e resolvam problemas e, sobretudo, que sejam capazes de autodeterminar-se, assumindo responsabilidades e correndo riscos, ou seja, criando o seu próprio futuro.

Educação, arte e trabalho

Hoje, já existem vários estudos que associam o aumento da escolaridade a ganhos em produtividade e renda por parte dos trabalhadores. Em razão disso, é crescente entre os empregadores o interesse em aumentar os níveis educacionais de sua força de trabalho. Esse interesse, no entanto, restringe-se ao ensino da linguagem, do cálculo e de habilidades específicas. A educação artística é vista como uma espécie de perda de tempo, algo inteiramente acessório, mais próximo do lazer que do trabalho, “um luxo”.No pólo oposto dessa visão encontramos os arte-educadores. Para eles, a educação artística justifica-se por si mesma. Sua importância está radicada no seu caráter autocriador do humano e seria quase uma afronta associá-la à educação profissional.Assim, nos deparamos com duas posições antagônicas, mas cujo resultado prático é exatamente o mesmo. A primeira, a de que a educação artística é tão sem importância, que não vale a pena considerá-la como algo de útil na preparação das pessoas para o mundo do trabalho. A segunda, a de que a educação artística é tão importante em si mesma, que é um rebaixamento considerá-la de forma pragmática, como uma modalidade entre outras de preparação para o mundo do trabalho.A posição que supera o falso dilema vivenciado nessa polarização desnecessária e estreita é a constatação de que a educação artística, tomada em si mesma, sem nenhuma submissão à dimensão produtiva, exerce sobre esta uma influência extremamente positiva. Isso quer dizer que a educação artística não deve e nem necessita tornar-se instrumento da educação profissional. Ela deve, isto sim, é converter-se num poderoso catalisador do desenvolvimento humano, tanto no campo da educação básica, como no campo da educação profissional. Nem paralelismo, nem incorporação, mas convergências e complementaridade.É certo que, seja para o jovem atuar como empregado no setor público ou privado, seja para atuar como auto-empregado, na economia informal, seja para atuar como empreendedor, em micro, pequenas, médias ou grandes empresas, a educação artística tem tanto a contribuir como a educação básica ou a educação profissional.A verdade é que, para trabalhar lidando com pessoas, com grupos, com idéias, com formas e relações as mais variadas, o ser humano deverá deter cada vez mais se polivalente, flexível, motivado, motivante e criativo.Os alunos que montam uma peça de teatro, por exemplo, aprendem:
- a atuar como uma equipe;
- a dirigirem e serem dirigidos;
- a expressar-se com a fala, o corpo e olhar;
- a programar-se dentro de um orçamento limitado;
- a buscar soluções criativas, inventando, adaptando e improvisando;
- a auto-hetero e co-avaliar;
- a ter disciplina de postura, de tempo e de lugar;
- a empenhar-se na busca da qualidade;
- a gostar e a valorizar o sucesso;
- a praticar a melhoria contínua e o respeito pela audiência;
- a repetir uma ação inúmeras vezes, aproximando-se gradativamente do que deve ser.
Nas feições do mundo do trabalho, que está surgindo nesta reta final de século e de milênio, alguns traços já se podem distinguir com nitidez:
- A qualidade deixa de ser diferencial competitivo e torna-se uma condição indispensável para se ingressar e permanecer no mundo do trabalho;
- O trabalho está se desmaterializando, ou seja, lidar com a informação e o conhecimento vai se tornando cada vez mais um requisito mais importante que lidar diretamente com matérias-primas. Esta é a característica mais marcante do ingresso na era pós-industrial;
- A robótica, a telemática e a informática virtualizarão, cada vez mais, o processo de trabalho, através de sons, imagens e símbolos, que o ser humano deverá ser capaz de acessar e aprender de forma instantânea.

O desafio da convergência

Um desafio para a cabal demonstração da convergência e da complementaridade dos mundos da arte e do trabalho, no âmbito da educação artística e no contexto da revolução pós-industrial, é a compreensão de como as habilidades desenvolvidas em um se aplicam ao outro.Nesse sentido, nos Estados Unidos, educadores estão desenvolvendo padrões curriculares e representantes da indústria vêm desenvolvendo padrões educacionais, com o objetivo de desvelar a compatibilidade e a fecundidade das relações da educação artística com as formas de organização e as tecnologias do novo mundo do trabalho.A medida em que esse trabalho se desenvolve, vai ficando cada vez mais claro que o conhecimento e a prática de habilidades artísticas pode desenvolver nos jovens competências fundamentais para o sucesso no mundo do trabalho e na vida, de um modo geral, no século 21.Três grandes eixos já foram identificados, como pontes seguras para o trânsito de benefícios da educação artística para o trabalho:
1º Eixo: habilidades desenvolvidas na educação artística podem ser transferidas para o trabalho e para a vida em geral;
2º Eixo: o conhecimento das artes potencializa a comunicação eficaz;
3º Eixo: a experiência estética propicia uma abordagem criativa à solução de problemas.
No plano objetivo, das artes se pode aprender a trabalhar com o tempo, o espaço, a luz, a cor, o som, o corpo, a voz, compromissos, agendas, recursos financeiros, meios de comunicação social, instrumentos de diversos tipos, materiais, tecnologia etc.No plano da subjetividade e da intersubjetividade, as artes propiciam o desenvolvimento de habilidades como trabalhar em equipe, planejar, negociar, liderar, ensinar, coordenar, acompanhar, avaliar, comunicar, administrar conflitos e gerar soluções criativas.Noções fundamentais como processo, raciocínio descontínuo, sistema e visão holística podem ser vivenciadas, através de atividades de educação artística, ao invés de serem apenas transmitidas em termos puramente conceituais. Isto sem falar nos conhecimentos, valores, atitudes, posturas, habilidades e destrezas, que a educação artística necessariamente desenvolve em todos os domínios da experiência estética.Essa nova maneira de ver a educação artística traz para os educadores, que atuam nessa área, novos e crescentes desafios:
- Desenvolver novas capacidades para o trabalho em equipe;
- Familiarizar-se com as novas tecnologias (informática e telemática);
- Abrir-se a outras culturas e a perspectivas distintas diante do trabalho e da vida;
- Buscar formas novas de aprender e ensinar o trabalho criativo;
- Dedicar tempo à busca e à transmissão das grandes mensagens modeladoras do trabalho e da vida na transição civilizacional que estamos vivendo;
- Construir pontes entre o mundo da educação artística e o mundo do trabalho;
- Divulgar a idéia de que, mais do que uma educação para a arte, a educação artística é uma educação para a vida, no sentido mais pleno do termo.

Conclusão

Estamos vivendo um período de transição civilizacional. A humanidade como um todo está ingressando em uma nova e decisiva etapa de sua evolução histórica.O mundo do trabalho sofre simultaneamente o impacto modelador de três forças:
- A globalização dos mercados, impondo novos patamares de exigência em termos de produtividade e qualidade na produção de bens e serviços;
- As novas tecnologias, que desvincularam, de forma definitiva, o crescimento da produção do crescimento do emprego e desmaterializaram o trabalho humano, levando a economia e a sociedade à era da informação e do conhecimento;
- As novas formas de organização do trabalho, que exigem um trabalhador diferente em tudo do tipo que prevaleceu no século 20.
As habilidades desenvolvidas pela educação artística, que eram periféricas e minoritárias no sistema produtivo, passam a ocupar uma posição central no perfil do trabalhador requerido pelas transformações deste fim de século e de milênio.Essas novas habilidades deverão ser desenvolvidas em três cenários:
- Escola
- Ações complementares à escola
- Educação profissional para e pelo trabalho

Em todos esses cenários, a posição ocupada pelo binômio arte-educação deverá ser ampla, profunda e corajosamente revista. Esta é uma causa pela qual vale a pena lutar.

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Arquivo Sonoro

Bom pessoas, essa é um postagem do Ênio, Mirtes e Ioleides, na tentativa de contribuir um pouco na ampliação do universo cultural de todos que ouvirem esses 02 cds. Não encontrei muitas informações sobre esses 02 albuns postados, mas vale a pena ouvir é muito interessante.
Os 02 cds já estão disponíveis na cdteca do EMCANTAR.


Bobby McFerrin

Um dos vocalistas mais importantes do jazz nos anos 80, Bobby McFerrin nasceu em Nova Iorque em 1950 e estudou piano em uma universidade californiana. Começou a carreira de cantor se graças ao amigo comediante Bill Cosby, e, em 84, lançou “The Voice”, disco que entrou para a história do jazz por conter apenas voz, sem qualquer outro instrumento. Ao longo dos anos 80 e 90, McFerrin gravou com parceiros como Herbie Hancock, Yo-Yo Ma e Chick Corea álbuns de relativo sucesso. Em 88 alcançou o topo das paradas pop com o single “Don’t Worry, Be Happy”, do disco “Simple Pleasures”.


The Swingle Singers

Grupo vocal que nasceu em 1962 em Paris e já está na sua 4ª geração e integrado por 08 cantores. O grupo foi responsável pela injeção de swing nas música de Bach (compositor do período barroco).
A par dos mais de 50 trabalhos editados e das digressões que os levam a todo o planeta, The Swingle Singers dedicam-se ainda à apresentação regular de “workshops” e outros eventos durante os quais falam de “Swingle Singing” que constitui atualmente uma técnica de canto a que muitos cantores aspiram e que continua a influenciar compositores de renome do jazz britânico.


quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Sagrado Coração da Terra - Sugestão Ana Rabela e Franciele

Primeira formação da banda

O maior nome do rock progressivo brasileiro, o Sagrado Coração da Terra, mais um projeto pessoal do líder Marcus Viana que banda, estréia em 1984 com ótimo LP independente que construiria boa reputação junto ao público no exterior (Japão em particular, onde os LPs seriam relançados em CD antes do Brasil). Viana, com passagem por outros grupos progressivos (com o efêmero Saecula Seculorum), teria alguma participações dignas de nota (como a ótima faixa "Jardim das Delícias", do LP "Nascente", de Flávio Venturini, que ajuda nos coros no primeiro LP do Sagrado) em trabalhos de outros artistas e na composição de trilhas-sonoras para TV (como as da minisséries "Pantanal", e "O Canto das Sereias", da Rede Manchete, além do tema de abertura da novela "Que Rei Sou Eu?" da Rede Globo, extraído do LP "Flecha"). Viana lançaria também álbuns-solo paralelamente às atividades da banda.
Depois de "Flecha", ainda pela Arteciência, e "Farol da Liberdade" (com alguns temas das citadas minisséries), já pelo seu próprio selo Sonhos & Sons, o Sagrado editaria seu quarto trabalho com Viana, Augusto Rennó (violão e guitarra), Ivan Correia (baixo), Lincoln Cheib (bateria) e Bauxita (vocal): o CD Grande Espírito de 1994 – é esse o álbum que posso copiar pra quem se interessar em conhecer o trabalho do Sagrado.

Guitarristas
Alexandre Lopes, Chico Amaral, Fernando Campos, Augusto Rennó, Alysson Lima

Baixistas
Edson Plá, Mauriti, Jiló, Caio Guimarães, Ivan Correia, Alysson Lima, Gauguin, Paulinho Carvalho

Bateristas
Zé Arthur, Porquinho (Sérgio Viana), Zé Luís, Marco Antonio Botelho, Nenem, João Guimarães, Lincoln Cheib, Limão (André Queiroz), Mário Castelo, Eduardo Campos

Tecladistas
Cristiana Ramos, Inês Brando, Ronaldo Pellicano, Lincoln Meirelles, Zé Marcos, Giácomo Lombardi

Vocalistas
Marcus Viana, Vanessa Falabella, Carla Villar, Rosani Reis, Paula Santoro, Bauxita, Paula Vargas, Rosina Minari

DISCOGRAFIA
Sagrado (1985)
Flecha (1987)
Farol da liberdade (1991)
Grande espírito (1994)
A leste do sol, oeste da lua (2000)
Sacred heart of heart
Coletânea I - Canções
Coletânea II - Instrumental

Abaixo colocamos dois textos escritos por Marcus Viana em 1979, ano da criação da banda. Eles representam bem as opções ideológicas desse trabalho, característica que podemos perceber claramente em suas composições, no CD Grande Espírito inclusive.

O SIGNIFICADO CULTURAL DO TRABALHO DO SAGRADO CORAÇÃO DA TERRA

Trabalhando com instrumentos eletro-acústicos e herdeiro de uma forte tradição erudita, a música do Sagrado Coração da Terra evoca a atmosfera barroca das montanhas de Minas.

Mesmo assim seria impossível enquadrá-la como regional. É uma viagem pelo tempo e pelo espaço às origens e ao futuro de toda experiência musical humana.

Os instrumentos são os usados na tradição clássica: a guitarra, o piano e o violino, porém tratados eletronicamente; uma nova linguagem, o som dos nossos tempos.

O efeito que uma orquestra causava numa platéia do século XIX não nos atinge da mesma maneira: nossa audição está duramente comprometida pela saturação dos decibéis das grandes cidades.

Por isso, utilizamos uma roupagem eletrônica nas músicas. Elas são a fusão de toda experiência do eu inconsciente, guardada na memória do espírito: são lembranças orientais, ciganas, indianas e árabes. E ibéricas! Como negar? O Sagrado teve naturalmente a influência de mestres clássicos devido à formação erudita de Marcus Viana como violinista de sinfônica; principalmente da música de Wagner, Debussy, Ravel, Stravinsky e Villa-Lobos. Existe uma forte raiz afro-ameríndia que se manifesta cada vez mais em nosso trabalho, inclusive com a inserção de músicas com textos traduzidos inteiramente para o Tupi-Guarani e dialetos indígenas como o krenak e yanomame.

Nossa proposta é uma ponte entre a música instrumental e a música vocal; assim sendo, são canções orquestradas, sinfonias cantadas, histórias contadas.

Da mesma forma que os textos, a música está ligada a uma filosofia ecológica: Ecologia da Terra, Ecologia da Mente, do Coração e do Corpo.

O Sagrado Coração da Terra é mais que um projeto; é quase que um movimento filosófico, englobando mensagens visuais, gráficas e sonoras, cujo tema básico é a regeneração do Homem e do Planeta.


POR QUE SAGRADO CORAÇÃO?

De um tema folclórico mineiro, de uma tradição religiosa muito antiga, vem o arquétipo do Sagrado Coração: um fulgurante coração em chamas envolvido em uma coroa de espinhos. O íntimo “real” do homem encarcerado pela fúria de nossos tempos. Um retrato do amor em nossa época: um coração que brilha ainda que ferido e aprisionado nas celas das megalópoles. Uma vida que nenhuma coroa de espinhos vai sufocar, um amor que opressão alguma impedirá que se alastre como uma fogueira e incendeie a fria noite de nossos tempos. Épico e Intenso!

Cantamos a alegria e o amor da tão sonhada Era de Aquário. Não enxergamos com muita clareza, naturalmente; ainda não é exatamente a manhã do sol de Aquário. Seria antes aquela hora crepuscular, entre a noite e o dia que os romanos chamavam Silencium, a hora dos mortos e dos nascimentos. É a hora do despertar.

O homem de nossos tempos desenvolveu sua parte técnica, intelectual e esqueceu-se de sua parte ética, espiritual. O que temos? O macaco-gênio o primata vestido de astronauta brincando com sofisticadas máquinas de destruição; arrasando o planeta, destruindo a própria espécie, poluindo a água, envenenando o alimento e o ar. Essa é a coroa de espinhos do coração. Não estamos preparados para as megalópoles, mas aqui estão elas. Brutalmente reais. O egoísmo é a mola desse salto no abismo, do qual participamos, apesar de gritarmos que somos inocentes. Como pois fazer música por padrões regionalistas, indiferente à tremenda pressão das transformações do Todo? E como sentir a verdadeira música se o espírito está insensibilizado pela dor e pelo ódio do cotidiano urbano?

Nosso comprometimento único é com a Arte, pura e simplesmente. E por Arte, queremos dizer Ciência, Espírito, Consciência, Compreensão. Nossa meta: a precisão em transmitir a consciência viva do universo codificada em mensagem sonora. A música age como a mais poderosa energia moderadora do sistema nervoso humano. Viver e transmitir a música torna-se mais que necessidade; é uma responsabilidade numa civilização que vive um processo vertical de auto aniquilamento. Para iniciar o processo ascencional torna-se necessário apurar os sentidos; temperar o aço da mente; forjar o espírito para que se possa receber e assimilar uma nova energia que se faz cada vez mais presente à medida que nosso mundo naufraga. Inteligência naturais, criadoras e infinitamente poderosas se manifestam nos sistemas nervosos mais avançados. A música abre um canal de saída para o oceano de harmonia e vida do universo. Esse canal não pode ser atingido por nenhuma forma de pensamento ou raciocínio, mas a intuição conhece o caminho. A Arte alimenta a intuição; ocorrendo essa sensibilização, a energia mental gradativamente circula livre pelo novos circuitos do sistema nervoso, até então desconhecidos, e que por serem parte da consciência cósmica coletiva e genética, contém informações de inteligências superiores.

O Arquétipo do Sagrado Coração assim se manifestou e viemos a entender a coroa de espinhos como o próprio processo dual da natureza. Numa visão primitiva seria o Bem e o Mal, Deus e o Diabo, o Ódio e o Amor, a Ignorância e o Conhecimento. Porém ao mergulhar mais fundo, além do apêgo às formas racionais, vimos o Tudo e o Nada; a Eletricidade e o Magnetismo, o Positivo e o Negativo, o Yang e o Ying, a Noite e o Dia, o Homem e a Mulher, o Pai, a Mãe. E no centro, o fruto do Amor das duas forças entrelaçadas do universo: o filho, a força neutra, a criação. O Coração.

Site: http://www.sonhosesons.com.br/pgsagrado.htm

Franciele e Ana Paula Rabelo

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Obra Artística - Carlim Ribeiro - Mariane

Oi povo, então aí vai mais uma postagem!
Resolvemos mostrar as diferentes concepções de arranjos nos álbuns de ZECA BALEIRO:
(Vô Imbolá & Líricas)
Espero que gostem do som!


Zeca Baleiro
Biografia


Maranhense, começou a se projetar nacionalmente quando apareceu no especial que a MTV fez de Gal Costa. Em 1997, seu primeiro disco "Por Onde Andará Stephen Fry?" chamou a atenção da crítica, que passou a defini-lo como "neotropicalista". No ano seguinte ganhou dois prêmios Sharp: melhor disco e melhor música "Bandeira", ambos na categoria pop-rock. Em 1999 se apresentou na França, para o lançamento de seu disco na Europa. O segundo CD, "Vô Imbolá", conta com participações especiais de Zeca Pagodinho, Zé Ramalho, Rita Ribeiro e outros, trazendo um repertório que mistura música brasileira folclórica, samba e ritmos eletrônicos. Lançou o álbum "Líricas" em 2000. Em parceria com Fagner, gravou em 2003 o cd “Raimundo Fagner & Zeca Baleiro”. Mostrado em curta temporada por capitais brasileiras, o show foi registrado em DVD pelo Multishow durante temporada no Canecão, Rio de Janeiro. ”Baladas do Asfalto e Outros Blues”, seu trabalho subseqüente, foi lançado em agosto de 2005. O quinto álbum solo do cantor traz várias canções inéditas de sua autoria. No mesmo ano, Baleiro recebe um convite especial. Ele foi um dos brasileiros escolhido para se apresentar durante o evento de celebração do ano do Brasil na França. Ainda em 2005, o músico decide lançar o seu próprio selo, a Saravá Discos. Entre os trabalhos lançados com a marca de Baleiro está o CD "Cruel", uma obra póstuma do cantor e compositor capixaba Sérgio Sampaio, falecido em 1994. Nele, o maranhense tem a chance de mostrar seu talento também como produtor. Em 2006, musicou poemas de amor de Hilda Hilst, falecida em 2004. O CD "Ode descontínua e remota para flauta e oboé - De Ariana para Dionísio" traz interpretações de Maria Bethânia, Ângela Maria, Zélia Duncan, Angela Ro Ro, entre outros nomes consagrados da MPB.



VÔ IMBOLÁ

Zeca Baleiro, Novos Baianos, João Bosco, Legião Urbana, Planet Hemp, Gilberto Gil, Gal Costa, Belchior, Paralamas do Sucesso, Geraldo Azevedo, Zé Ramalho. São poucos, mas, significativos os casos na música brasileira popular em que o segundo disco de um artista que estreou causando boa impressão supera o primeiro. O compositor e cantor maranhese, Zeca Baleiro, com "Vô Imbolá", vem juntar-se aos nomes citados como bom exemplo de vitória sobre a tão propalada síndrome do segundo disco.

LÍRICAS

Depois de dois álbuns que apostaram na mesclagem de ritmos brasileiros com o pop eletrônico, Zeca Baleiro ressurge em aparente guinada estética. Logo na delicada canção Minha Casa, faixa de abertura de Líricas, o cantor e compositor maranhense mostra-se decidido a transportar o ouvinte para um universo poético-musical próximo ao de trovadores da folk music, como Bob Dylan e Leonard Cohen. A sonoridade acústica dominada por cordas (destaque para Tuco Marcondes, que se alterna nos violões, banjo, mandolim, dobro e guitarra portuguesa) soa perfeitamente adequada às imagens poéticas carregadas de melancolia. Intenção reforçada pela versão acústica de Proibida Pra Mim, sucesso da banda pop Charlie Brown Jr., que ganha um inusitado sentido romântico. Mas logo vem Babylon, uma canção ácida sobre as delícias do dinheiro ("vamos pra Babylon/ de tudo provar/ champagne caviar/ scotch escargot rayban bye bye miserê"), que traz de volta a conhecida verve irônica do maranhense. Ironia que também se mostra nas entrelinhas da suave Balada Para Giorgio Armani ("o medo é a moda desta triste temporada/ Giorgio/ tá tudo assim nem sei tá tão estranho/ a cor dessa estação é cinza como o céu de estanho") e ganha um tom escancarado na incisiva Você Só Pensa em Grana ("você rasga os poemas que eu te dou/ mas nunca vi você rasgar dinheiro"). E se alguém ainda tiver dúvidas sobre o caráter da conversão romântica do poeta maranhense, em Blues do Elevador ("sei rir mostrando os dentes/ e a língua afiada/ mais cortante que um velho blues/ mas hoje eu só quero chorar/ como um poeta do passado"), ele sugere que a guinada é circunstancial. Seja em ritmo de reggae, ou vestida com uma sonoridade mais folk, a poesia cortante de Zeca Baleiro continua fazendo da ironia sua lâmina mais afiada.


Então é isso! Até no máximo segunda-feira - 17/09 , as mídias estarão na CDTECA! Preciso copiá-las.

Beijos!

Carlim e Mariane

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Texto para Formação II

Esse é o segundo texto de formação que vem para o Nuestro Blog. Estávamos com a idéia de colocar "O direito à literatura" de Antônio Candido. Como não temos ele virtual e ele é enoooorme, não justifica digitarmos ele todo, sendo que já inventaram o xerox... Por isso, o texto do Candido vai pra nossa biblioteca. Não percam a oportunidade de ampliar o universo cultural prórpio, o texto é excelente!!!
Sobre o texto que está sendo postado hoje, aí vai um pequeno trecho: "A CULTURA LIBERTA. TRAZ MAIS OPÇÕES A QUEM A VIVENCIA". Achei pertinente colocar esse texto, pois mostra mais um ponto de vista a favor da nossa tão falada "Ampliação do Universo Cultural".
Cultura que transforma
Renato Janine Ribeiro

Há muitas definições de cultura, mas gosto de trabalhar com uma em especial: a cultura efetua uma transformação na vida das pessoas (ponto 1) no sentido de ampliar seu leque de escolhas e, assim, de aumentar sua liberdade (ponto 2). Isso significa que não há uma substância chamada "cultura" e portanto o que é cultura para uma pessoa, pode não o ser para outra. O importante, então, é que também não há uma acumulação de cultura, pela qual alguém se torna dono dela, ou seja, possui "mais" cultura do que outro indivíduo.
Mais ainda, e paradoxalmente, uma pessoa "culta" talvez tenha menos chances de viver a cultura do que uma pessoa inculta. Para quem freqüenta museus, cinemas, teatros, o grau de novidade de uma obra cultural, a mudança que ela lhe proporciona, pode estar perto de um grau zero. É como se estivesse esgotando sua capacidade de ampliar enfoques – enquanto uma pessoa virgem em cultura pode ter um vasto território a expandir. Daí que numa política cultural é importante visar os primeiros, os "cultos", entre os quais eu incluiria boa parte dos criadores e dos freqüentadores da cultura mais influentes na alocação de recursos. Mas o realmente crucial é privilegiar aqueles – as massas, hoi polloi, como diriam os gregos antigos e os ingleses atuais – que até agora tiveram pouco acesso às obras e podem extrair mais delas.
Esta definição de cultura pelo "efeito" que ela tem na vida das pessoas enfatiza seu caráter fortemente libertador, ao mesmo tempo em que reduz a importância de uma hierarquia das obras "em si". Na verdade, as obras valem pelo que produzem ou propiciam a seus usuários. Por isso, o cultural desempenha um papel relevante na vida social. Há um caso em particular que sempre me chama a atenção. Na Irlanda do Sul, fortemente católica, quando se deu a independência do Reino Unido, eliminou-se da vida pública qualquer referência ao homossexualismo. Disso resultou que rapazes que não gostavam de moças só podiam imaginar que tinham uma vocação sacerdotal. Disso, por sua vez, decorreu que, passado algum tempo, eles abusassem sexualmente dos meninos a quem supostamente educavam. Esse é um exemplo terrível de como as limitações culturais escravizam e infelicitam as pessoas – e, inversamente, de como uma abertura para o horizonte, a possibilidade de viajar imaginariamente para experiências que estão geograficamente longe de nós, nos emancipa.
O acesso à cultura, assim, não consiste apenas em mais pessoas visitarem museus ou assistirem a peças ou filmes. Ele significa mais pessoas terem uma experiência intensa de ampliação de perspectivas pelo contato com o que é diferente. Dançar, para um pé de pau; ver um quadro, para quem nunca apreciou o jogo das cores; ler, para quem jamais desfrutou um livro, podem ser revolucionários. A questão não é quantitativa, meramente numérica. É de um valor que se agrega, sim, mas que consiste em qualidade. E essa qualidade se resume numa palavra: maior liberdade. A cultura liberta; traz mais opções a quem a vivencia.
Por isso a cultura tem um papel-chave na vida democrática. Sem ela, o que será a democracia: apenas eleições políticas? Escolher os governantes, aprovar as leis são parte muito pequena do que é a vida democrática. Se a democracia é liberdade, quer dizer que ilumina a vida íntima, pessoal, afetiva. A cultura abre a porta de imaginários que, por sua vez, constroem novas vidas. O menino confinado entre vacas e cavalos que se descobre homossexual, o favelado que percebe seu dom para a música, estão abrindo novos rumos para si mesmos.
Aqui entram outras eleições – no sentido exato que a palavra tem e que quer dizer, simplesmente, "escolhas". Podemos escolher melhor, se formos cultos. Mas a palavra "cultos" está tão gasta que parece significar quem tem um cabedal, um estoque de informações. Não é isso. Cultura é poder de transformar. A criança que, assistindo à Flauta mágica no filme de Ingmar Bergmann, vai-se deslumbrando a cada episódio novo tem uma vivência cultural mais rica do que o melômano que sabe distinguir cada soprano que aparece e seus matizes.
Evidentemente há um espaço que é dos criadores e dos críticos. Mas não é no território deles que se dá o acesso à cultura, sua democratização, seu papel emancipador. É claro que toda organização da cultura, desde as secretarias de Estado até os patrocinadores privados, deve apoiar a criação, a novidade, a preservação. Mas estas são condições para algo que é o cerne do cultural, e que está na recepção. Uma recepção, por sinal, que não é passiva, mas se constitui numa apropriação da obra. Até os erros (como quando a personagem vivida por Melina Mercouri, em Nunca aos domingos, acha que as tragédias gregas acabam... bem) fazem parte dessa riqueza receptiva, pela qual o espectador também se torna um tanto criador.
Algumas obras notáveis se fizeram sobre esse encontro da arte com o principiante. Um filme cubano dos anos 60 mostra a primeira vez que se mostra uma película para uma aldeia que nunca viu uma antes. Godard, em Tempos de guerra, tem uma cena com um rapaz que vai olhar o que está acontecendo (acha ele!) atrás da tela. Cinema Paradiso toca no mesmo tema. Essas ingenuidades são, às vezes, engenhosidades. Elas podem contribuir com algo novo. O olhar culto pode estar viciado; precisamos, constantemente, do confronto com percepções diferentes.
Como promover então a democratização cultural? Não é apenas levando mais gente a atividades culturais. É assegurando que essas experiências ampliem seus horizontes. É descobrindo novas vocações, que podem até se converter em profissão ou se manter como hobbies, pouco importa – mas que agreguem sentido às vidas. Porque nosso tempo não suporta a monotonia e ao mesmo tempo a reproduz sem cessar. Ora, uma das poucas maneiras de sairmos da monotonia que não seja histérica (o desespero por ser célebre, o homem ou mulher que é serial lover, o consumismo sem freios, o workaholism desbragado) é pelo amor ao que se faz.
Renato Janine Ribeiro é professor titular de Ética e Filosofia Política da Universidade de São Paulo. Autor, entre outros livros, de Ao leitor sem medo (Ed. UFMG), A sociedade contra o social (Companhia das Letras), O afeto autoritário (Ateliê) e A ética na política (Lazuli).

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

OBRA ARTÍSTICA - Ana Carolina e Maíra

Chegou a nossa vez.! Achamos que antes de postar precisamos explicar o critério de escolha....
É que percebemos que nós duas, desde que nascemos, temos uma coisa muito comum com ELE...
Somos todos FRANCISCO!!!
Chico Buarque

Obra artística: Coleção de DVDs
Chico de Hollanda, de aqui e de alhures
"Parceiro de euforias e desventuras, amigo de todos os segundos, generosidade sistemática, silêncios eloqüentes, palavras cirúrgicas, humor afiado, serenas firmezas, traquinas, as notas na polpa dos dedos, o verbo vadiando na ponta da língua - tudo à flor do coração, em carne viva... Cavalo de sambistas, alquimistas, menestréis, mundanas, olhos roucos, suspiros nômades, a alma à deriva, Chico Buarque não existe, é uma ficção - saibam.Inventado porque necessário, vital, sem o qual o Brasil seria mais pobre, estaria mais vazio, sem semana, sem tijolo, sem desenho, sem construção."
Ruy Guerra, cineasta e escritor, outubro de 1998


Ele é ...
- Compositor, intérprete, poeta e escritor
- Referência obrigatória da Música Brasileira a partir dos anos 60

Influências:
- Filho do historiador Sérgio Buarque de Hollanda, morou em São Paulo, Rio e Roma durante a infância. Desde criança teve contato em casa com grande personalidades da cultura brasileira, como Vinicius de Moraes (que viria a se tornar seu parceiro), Baden Powell e Oscar Castro Neves, amigos dos pais ou da irmã mais velha, Miúcha, também cantora e violonista.

Trajetória:

- 1964 começa a se apresentar em shows de colégios e festivais e no ano seguinte gravou pela RGE o primeiro compacto, com "Pedro Pedreiro" e "Sonho de um Carnaval".

- Em 1965, musicou o poema "Morte e Vida Severina", de João Cabral de Melo Neto, que fez enorme sucesso no Brasil e na França, para onde excursionou, arrancando elogios até mesmo do poeta João Cabral, que admite só ter autorizado a utilização do poema por amizade ao pai de Chico.

- Com o Festival de Record de 1966 tornou-se conhecido no Brasil inteiro por sua música "A Banda", interpretada por Nara Leão, que conseguiu o primeiro lugar

- Sua participação em festivais foi definitiva para a consolidação de sua carreira. Fez sucesso com "Roda Viva", "Carolina" e "Sabiá", e defendeu ele mesmo suas músicas "Benvinda" e "Bom Tempo".

- Lançou LPs no fim da década de 60, fazendo shows na França e Itália, onde morou por aproximadamente um ano.

- De volta ao Brasil, fez música para cinema e gravou um de seus discos mais bem-sucedidos, "Construção". Várias de suas composições e peças de teatro tiveram problemas com a censura na época da ditadura militar, e chegou a usar o pseudônimo Julinho de Adelaide para assinar algumas de suas músicas, como "Acorda, Amor".

- No teatro, escreveu "Gota D''Água" com Paulo Pontes, e a "Ópera do Malandro". Como escritor, lançou em 1991 o romance "Estorvo" e, quatro anos depois, "Benjamin". Depois disso voltou a dedicar-se à música, lançando "Paratodos" em 1993 e "as cidades" em 1999, ambos com amplas turnês pelo Brasil e exterior.

- Em 2001, Chico lança o DVD “As cidades”. Além do show "As Cidades", filmado em película, o especial traz cenas captadas no Rio de Janeiro e em Buenos Aires. Entre as participações especiais estão Jamelão, a Velha Guarda da Mangueira e Maria Bethânia.

- CD Duetos é lançado em 2002 e reúne 14 das mais de 200 participações de Chico cantando com outros artistas. Participaram do CD: Marçal, Ana Belén, Nara Leão, Zeca Pagodinho, Sergio Endrigo, Nana Caymmi, Johnny Alf, Pablo Milanés, João do Vale, Dionne Warwick, Miúcha, Tom Jobim e Elba Ramalho. - O DVD “Chico ou o país da delicadeza perdida” é lançado em 2003. Neste trabalho, Chico Buarque estreou para a televisão francesa em 1990.

- Após 8 anos sem gravar um disco de inéditas, Chico Buarque lança o CD “Carioca” em 2006. São 12 faixas, algumas em parceria com os artistas Edu Lobo, Ivan Lins e Tom Jobim.

Coleção de DVDs:

MEU CARO AMIGO trata das parcerias e amizades, À FLOR DA PELE aborda a temática feminina na obra do compositor e VAI PASSAR fala dos difíceis anos de censura e ditadura. Um registro emocionante de diferentes momentos da história do Brasil, contado por um de seus mais importantes criadores.

MEU CARO AMIGO
O DVD MEU CARO AMIGO abre a série retrospectiva da obra de Chico Buarque, destacando algumas de suas paixões: a cidade do Rio de Janeiro e seus parceiros e amigos. Apesar de ter nascido no Rio, Chico não se considera carioca da gema, pois viveu a juventude e a infância em São Paulo e parte em Roma. “Conservei um olhar quase estrangeiro sobre o Rio. Tenho ainda uma relação de deslumbramento com a cidade. O Rio, na minha origem como compositor, é a fonte da música. A música brasileira que eu aprendi a gostar vinha do Rio: o samba, os carnavais, os programas da Rádio Nacional.”
O DVD traz ainda revelações inéditas sobre sua obra e suas parcerias, como quando o compositor fala sobre as várias composições deixadas por Tom Jobim, que continuam sem letras, e estão guardadas em seu apartamento. O compositor relata como foi iniciado afetuosamente na arte de letrista pelo poeta Vinicius de Moraes, amigo de família e freqüentador da casa de seu pai, o historiador Sérgio Buarque de Holanda. Amigos, parceiros e canções vão se sucedendo neste primeiro episódio da série, de forma descontraída e intimista. Tom Jobim, Miúcha, Elis Regina, Edu Lobo, Toquinho, Gal Costa, Djavan, Dorival Caymmi, Francis Hime, Daniela Mercury e um time de músicos da melhor qualidade vivem juntos com Chico momentos que vão ficar para sempre na memória de quem gosta de música brasileira. O DVD mostra ainda, pela primeira vez, a canção Renata Maria, composta em parceria com Ivan Lins.






À FLOR DA PELE
O DVD À FLOR DA PELE trata da temática feminina na obra do compositor Chico Buarque. O programa foi gravado em Paris, cidade onde o artista gosta de se refugiar para escrever em seu apartamento no bairro de Marais. Chico conta que conheceu Paris em companhia do pai, quando ainda era menino. Na capital francesa, ele viu pela primeira vez uma mulher nua, numa foto de revista. No romântico e nevoento inverno parisiense, Chico Buarque filmou em boulevards e bistrôs sob um frio de -1oC, usando chapéu e sobretudo cinzas, em clima meio nostálgico. Para o artista, os tempos modernos e a informalidade das novas gerações não diminuíram em nada o mistério das mulheres: Sou um curioso do universo feminino. Esforço-me, tento entender, mas acho que nunca vou conseguir. As mulheres são surpreendentes e misteriosas.

Neste segundo DVD da série retrospectiva da obra de Chico Buarque são mostradas canções importantes ligadas à temática feminina na obra dele. Ao lado de Caetano Veloso, Milton Nascimento, Nara Leão, Francis Hime, Leo Jaime e grandes músicos, Chico mostra ser o grande intérprete da alma feminina na música brasileira. Vários compositores escreveram letras no feminino para serem interpretadas por cantoras. Em À FLOR DA PELE, Chico Buarque conta que a prática de escrever letras na primeira pessoa no feminino surgiu a pedido de Nara Leão, para quem compôs Com açúcar, com afeto. Segundo Chico, sua decantada sensibilidade para a alma feminina é apenas uma resposta a uma encomenda de Nara. O artista fala também que as personagens de sua obra são pura invenção, não se baseiam na vida real. Há controvérsias. Para este programa, Chico compôs uma nova canção, As atrizes. Fala do fascínio pelas mulheres que o faziam sonhar nas telas dos cinemas.





VAI PASSAR
Este terceiro DVD da série retrospectiva da obra de Chico Buarque aborda seu papel de cronista das esperanças políticas do seu tempo e foi gravado em Roma. Chico guarda lembranças ambíguas da capital romana. Por um lado, tem fascínio pela cidade, por outro, tem memórias tristes do exílio. Preso e liberado em dezembro de 1968, depois da promulgação do AI-5, Chico e sua mulher, a atriz Marieta Severo (então grávida de seis meses), viajaram para a França e Itália para participar de eventos musicais. Os amigos os aconselharam a não voltar ao Brasil, pois vários artistas e intelectuais estavam sendo presos. O casal foi então morar em Roma, onde nasceu Silvia, sua filha. Só voltou ao Brasil em março de 1970, 15 meses depois de ter partido. Durante as gravações do especial, Chico Buarque foi conhecer a embaixada brasileira, um belo pallazo na Piazza Navona, do qual passava longe na época do exílio. Indagado sobre suas mágoas políticas e a luta contra a censura, Chico disse fazer o possível para não dramatizar: A ditadura encheu muito o meu saco, mas eu também enchi o deles bastante. Sobre as viagens a Cuba, ironiza: Antigamente, o passaporte brasileiro dizia: válido para todos os países com exceção de Cuba. Dá vontade de ir, né?
Andarilho, acostumado a percorrer as ruas do Rio em passo acelerado, Chico caminhou pelas ruas do centro histórico de Roma, revendo os lugares que freqüentou. E durante as canções tem companhias igualmente familiares, como Ruy, Miltinho, Achiles e Magro, do MPB-4, Caetano Veloso, Sergio Bardotti, Tom Jobim, Milton Nascimento e Gilberto Gil. A culinária italiana também está presente com Risotto Nero, uma nova canção feita com seu parceiro e amigo Sergio Bardotti, e mostrada pela primeira vez neste DVD.

Referências:

http://chicobuarque.uol.com.br/ http://chicobuarque.uol.com.br/construcao/index.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/Chico_Buarque#Estilo_musical
http://www.cliquemusic.com.br/artistas/chico-buarque.asp
http://www.constelar.com.br/revista/edicao73/chicovenus1.php
http://www.emi.com.br/base_para_noticias.asp?c=970
http://www.revistaresidenciais.com.br/det_materia.asp?id=335&ids=34
http://www.santanailustra.com.br/posters/chico_buarque.jpg
http://www.sylviocoutinho.com.br/novidades/chico%202/_PJC0056.jpg

Então é isso!!!! Breve deixaremos toda a coleção na nossa DVDteca, mas para não perder a oportunidade de usar a ferramenta virtual, aí vai também o link para ouvir a obra "Meus Caros Amigos!:http://musica.busca.uol.com.br/radio/index.phpbusca=Caros+Amigos&param1=homebusca&check=disco

Beijos,

Ana Carolina e Maíra

terça-feira, 28 de agosto de 2007

Para que serve a arte

Intrínseco ao homem, o processo de criação artística funciona como expressão de sua individualidade e relação com o todo. Isso desde priscas épocas, quando desenhos mágicos traçados em cavernas, como Lascaux na França, tomavam a forma de portais para a representação da vida. Sempre o indivíduo e a sociedade, o micro e o macro, o real e o místico, a angústia e a excitação. A arte não tem um papel concreto, mas em toda a sua abstração decifra, representa e legitima os mais diversos sentimentos humanos.


Como costumava dizer Jean Cocteau, “A poesia é indispensável. Se eu ao menos soubesse para quê…”. Nesta frase concentra-se um paradoxo intuído e sugerido por aqueles que buscam consolidar o valor artístico ao longo da evolução humana, vital para uma discussão mais aprofundada sobre o tema.

A partir dessa edição, iniciamos uma série de artigos, inspirada no texto A beleza do humano, nada mais, de Ferreira Gullar, sobre a função da arte. Para potencializar a reflexão, adotamos uma linha interdisciplinar que vai apresentar a arte, sob o ponto de vista da filosofia, da psicologia, da poética, da economia e da antropologia, entre outros. Acompanhe!

A beleza do humano, nada mais
Ferreira Gullar

Confesso que, espontaneamente, nunca me coloquei esta questão: para que serve a arte? Desde menino, quando vi as primeiras estampas coloridas no colégio (que estavam muito longe de serem obras de arte) deixei-me encantar por elas a ponto de querer copiá-las ou fazer alguma coisa parecida.

Não foi diferente minha reação quando li o primeiro conto, o primeiro poema e vi a primeira peça teatral. Não se tratava de nenhum Shakespeare, de nenhum Sófocles, mas fiquei encantado com aquilo. Posso deduzir daí que a arte me pareceu tacitamente necessária. Por que iria eu indagar para que serviria ela, se desde o primeiro momento me tocou, me deu prazer?

Mas se, pelo contrário, ao ver um quadro ou ao ler um poema, eles me deixassem indiferente, seria natural que perguntasse para que serviam, por que razão os haviam feito.

Então, se o que estou dizendo tem lógica, devo admitir que quem faz esse tipo de pergunta o faz por não ser tocado pela obra de arte. E, se é este o caso, cabe perguntar se a razão dessa incomunicabilidade se deve à pessoa ou à obra. Por exemplo, se você entra numa sala de exposições e o que vê são alguns fragmentos de carvão colocados no chão formando círculos ou um pedaço de papelão de dois metros de altura amarrotado tendo ao lado uma garrafa vazia, pode você manter-se indiferente àquilo e se perguntar o que levou alguém a fazê-lo. E talvez conclua que aquilo não é arte ou, se é arte, não tem razão de ser, ao menos para você.

Na verdade, a arte - em si - não serve para nada. Claro, a arte dos vitrais servia para acentuar atmosfera mística das igrejas e os afrescos as decoravam como também aos palácios. Mas não residia nesta função a razão fundamental dessas obras e, sim, na sua capacidade de deslumbrar e comover as pessoas.

Portanto, se me perguntam para que serve a arte, respondo: para tornar o mundo mais belo, mais comovente e mais humano.

Ferreira Gullar é cronista, ensaísta, teatrólogo, crítico de arte e um dos maiores poetas brasileiros. O maranhense é autor de livros como Poema Sujo e Dentro da Noite Veloz, e de ensaios como Vanguarda e Subdesenvolvimento e Argumentação Contra a Morte da Arte.


Fonte: Boletim da Democratização Cultural Votorantim - Edição 1609/08/2007
Postado por Marco Aurélio Querubim

sábado, 18 de agosto de 2007

Mais opiniões sobre o assunto...

ESTOCOLMO (AFP) - Os biocombustíveis, apontados como os substitutos ideais das energias fósseis para reduzir as emissões de CO2, não são a solução para todos os problemas, segundo especialistas, os quais advertem que sua produção exige muita água, um recurso limitado.
"Enquanto os governos e as empresas discutem a solução para os biocombustíveis, acho que devem levar bastante em consideração a questão da água", afirmou à AFP Johan Kuylenstierna, diretor da Semana Mundial da Água.
Segundo o SIWI, em 2050, a quantidade de água necessária para a fabricação de biocombustíveis equivalerá à necessária para que o setor agrícola abasteça da população do planeta.

"Os biocombustíveis não são 'a' solução, e sim 'uma' solução", considerou Kuylenstierna.
Para Sunita Narain, diretora do Centro para a Ciência e o Meio Ambiente da Índia, os biocombustíveis são "uma boa idéia na teoria, má na prática".

Segundo esta especialista influente, a prioridade passa por discutir e solucionar a questão do consumo de combustíveis.
Porque se torna "extremamente idiota" imaginar que será possível no futuro consumir tanto biocombustível como atualmente consumimos combustíveis fósseis, considerou.

"Se quisermos dedicar água (à produção de biocombustíveis), devemos reduzir o consumo de biocombustíveis. Por exemplo, destiná-los aos ônibus e não aos automóveis", explicou.
Além da questão do limite da disponibilidade de água, os especialistas temem que a produção em grande escala dos combustíveis "verdes" provoque um forte aumento dos preços dos produtos alimentícios básicos.

"A produção de biocombustíveis poderá se tornar uma importante competidora da produção de comida. Os preços mundiais dos alimentos poderão aumentar", explica Kuylenstierna.

Biocombustíveis apresentam balanço ecológico medíocre

Galera, achei essa reportagem na net e postei no blog pois acho interessante a discussão, pois não envolve apenas questões socioambientais, mas um jogo de interesses econômicos, políticos, enfim...
Comentem também!
Bjo.

Maíra

Biocombustíveis apresentam balanço ecológico medíocre
Reportagem do Jornal Le Monde (França) escrita por Hervé Kempf.
Tradução: Jean-Yves de Neufville

18/08/2007


A utilização dos biocombustíveis não permitirá sistematicamente limitar as emissões de gases de efeito estufa, e seria mais eficiente conservar o meio ambiente em bom estado: esta é a conclusão de um estudo que foi publicado na revista "Science", na sexta-feira, 17 de agosto, e co-assinado por Renton Righelato, da World Land Trust, uma organização que se dedica à conservação dos ecossistemas, e por Dominick Spracklen, professor da Universidade de Leeds (Grã-Bretanha). O balanço ecológico dos biocombustíveis em muitos casos é criticado com base na comparação entre a energia gasta para produzí-los e aquela que eles fornecem. O saldo é geralmente bastante medíocre, e até mesmo negativo.Mas a abordagem de Renton Righelato e de Dominick Spracklen é mais original: eles procuraram comparar as emissões de gás carbônico economizadas pelas culturas de biocombustíveis, com aquelas evitadas por outras formas de utilização do solo. Ao compilarem um grande número de estudos, eles compararam os balanços das diferentes formas de utilização do solo: a cana-de-açúcar, o trigo, o milho ou a beterraba, destinados à produção de etanol ou de diesel, a conversão de florestas tropicais em culturas, a conversão de culturas em florestas etc.Por exemplo, a cultura do trigo para produzir etanol permite evitar, ao substituir o petróleo, entre 0,2 e 0,6 tonelada de gás carbônico por hectare por ano. Mas a conversão, nos Estados Unidos, de culturas em florestas de pinhos permite (por meio do crescimento das árvores) economizar 3,2 toneladas de gás carbônico por hectare por ano. Portanto, seria mais interessante dedicar-se à cultura de árvores do que cultivar cereais destinadas a fazer com que os automóveis possam andar.A cana-de-açúcar possui o melhor rendimento dentre os biocombustíveis existentes: cerca de 2 toneladas por hectare de emissões evitadas. Mas isso é muito menos do que aquilo que a transformação de culturas em floresta tropical permitiria economizar (entre 4 e 8 toneladas por hectare), e muito mais desastroso se a cana-de-açúcar for desenvolvida por meio do desmatamento (que "custa" cerca de 200 toneladas por hectare, por ano de emissões).No total, constatam os pesquisadores, se os dirigentes políticos quiserem mesmo privilegiar o balanço ecológico, "o melhor que eles teriam por fazer seria se concentrar na melhoria da eficiência energética dos combustíveis fósseis, de conservar as florestas e as savanas, e de restaurarem as florestas naturais e as pradarias em relação às terras que não são necessárias para a alimentação".Além de tudo, esta abordagem apresentaria vantagens em matéria de biodiversidade e de saúde dos ecossistemas.

Complementando a reportagem...

O biodiesel é um combustível renovável (biocombustível) e biodegradável, obtido comumente a partir da reação química de óleos ou gorduras, de origem animal ou vegetal, com um álcool na presença de um catalisador (reação conhecida como transesterificação). Pode ser obtido também pelos processos de craqueamento e esterificação.
O biodiesel substitui total ou parcialmente o
óleo diesel de petróleo em motores ciclo diesel automotivos (de caminhões, tratores, camionetas, automóveis, etc) ou estacionários (geradores de eletricidade, calor, etc). Pode ser usado puro ou misturado ao diesel em diversas proporções.
O nome biodiesel muitas vezes é confundido com a mistura diesel+biodiesel, disponível em alguns
postos de combustível. A designação correta para a mistura vendida nestes postos deve ser precedida pela letra B (do inglês Blend). Neste caso, a mistura de 2% de biodiesel ao diesel de petróleo é chamada de B2 e assim sucessivamente, até o biodiesel puro, denominado B100.

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Arquivo sonoro - Um pouco de Samba Rock e Música rural


É isso mesmo galera... No geral conhecemos um pouco de música regional e mpb (dessas mais conhecidinhas, não é?). Mas em outros momentos conhecemos outras coisas, nos apaixonamos e nem sabemos porque, aquele lance de encantamento e tal.
Samba rock é um estilo musical derivado do samba com fortes influências do Rock, Funk e Soul. Seu criador é o cantor e compositor Jorge Ben. O inventor do samba-rock como música é Jorge Ben Jor, que nega até hoje. Há que teorize sobre o arranjador Sergio Mendes, que misturou samba, bossa nova e jazz. Erasmo Carlos também foi identificado no teste de DNA do ritmo.Mas o grande Jorge Ben no disco “O Bidu” é realmente o pai do samba-rock. Depois uma geração de músico adaptou o samba, que era tradicionalmente tocado em compasso binário (2/4), ao compasso quaternário (4/4) do rock. Além de usar instrumentos elétricos, como guitarras.

Rock Rural é um estilo musical criado por Sá Rodrix e Guarabyra na década de 70 do século XX, no Brasil, o rock rural incorporou influências do folk e country anglo saxônico ao estilo da toada lusitana, com uma linguagem poética que se refere aos temas do campo, resultando numa musicalidade com ritmo de balada pop.
Num nível mais específico, encontrar-se-á uma variedade de denominações no que se refere às versões urabanas do universo rural no formato de música popular. O rock rural contribuiu para um processo de reavalição da cultura popular, que culminaria mais tarde com o estabelecimento dos valores do mundo rural como algo 'cool', aceito pela população urbana.
Nesse contexto, o rock rural foi um movimento pioneiro. Sem intenção declarada por seus criadores, utilizou a técnica da antropofagia criada por Oswald de Andrade em Manifesto Antropofágico, parte do Movimento Modernista de 1922, que introduziu o Brasil nos conceitos de vanguarda da produção cultural do Ocidente no início do século XX.

E é dessa mistura que surge baianos e os novos caetanos. Uma dupla musical e humorística composta pelos humoristas Chico Anysio e Arnaud Rodrigues, satirizando no título o conjunto Novos Baianos e o cantor Caetano Veloso. Nascida nos anos 70 como uma sátira ao tropicalismo a dupla formada por Baiano e Paulinho (personagens de Chico Anísio e Arnauld Rodrigues, respectivamente, no humorístico “Chico City”) trazia em suas canções letras divertidas e engajadas e um instrumental de primeira, com belos arranjos de violões, sanfonas e cavaquinhos, entre outros instrumentos. Clássicos como "Vô Batê Pá Tu", que fala das delações na ditadura, e "Urubu Tá com Raiva do Boi", uma crítica à situação econômica do país e ao falso “milagre econômico brasileiro”, e a bela "Folia de Reis", fizeram de Baiano & Os Novos Caetanos um nome significativo no universo do samba-rock e da música rural.
Como não encontramos nenhum registro virtual para disponibilizar aqui deixaremos algumas mídias para apreciação e composição da CDteca.
Boa escuta a todos...
Poliana Diniz e Ronan Vaz

sábado, 11 de agosto de 2007

Vídeo da ESCUTATÓRIA

Galera,

Olhem o que o Welton fez....
Vale a pena ver.
É um clip nosso que ele fez a partir das fotos do nosso show.
http://br.youtube.com/watch?v=eYBjTA2UAKI
É só clicar aqui.
Beijos.Mariane

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Texto para Formação

Pessoas,

O texto abaixo é o primeiro daquela categoria "leitura obrigatória".
Estava procurando algo que falasse sobre projetos sociais em espaços mais perfiéricos da cidade ou coisas do tipo. No entanto, me deparei com um texto da nossa amiga Terezinha Guerra que tem muito a ver com uma discussão muito presente no nosso trabalho atualmente: o REGISTRO.

No texto, ela fala do registro pedagógico do trabalho com crianças quando o assunto é ARTE. Sua abordagem não é organizacional e sim pedagógia: ainda temos muito o que aprender sobre transformar esses registros em dados e números objetivos. No entanto, acho que estamos no caminho quando no que diz respeito a perceber e registrar os resultados do nosso trabalho no cotidiano das oficinas.

Coloquei só o link aqui, pois o texto ficaria muito extenso e difícil de ler. O site é do Instituto Arte na Escola. Vale a pena ler outras coisas lá também.

Leiam e façam os comentários. Lembrem-se que o período de comentários é entre os dias 10 e 30 de agosto.

Bjs e boa leitura!

http://www.artenaescola.org.br/pesquise_artigos_texto.php?id_m=17